Domingo de Ramos

Posted Abril 11, 2025

 

O tempo da Quaresma é esse tempo em que o homem passa quarenta dias meditando sobre a Paixão de Nosso Senhor, a fim de afastar-se do homem velho e, na Páscoa, ressurgir como um homem novo. Afinal, o que a Igreja deseja não é somente a nossa libertação do pecado, mas a nossa santificação e configuração a Cristo; ela quer, portanto, a nossa conversão mais profunda — uma espécie de segunda decolagem, por assim dizer —, que retira o cristão da lógica do mundanismo. O trecho de Mateus 26, 14-66 é um momento crucial nos relatos da Paixão de Cristo, que ocorre pouco antes da Sua crucifixão. Para entendê-lo à luz do Domingo de Ramos, é importante considerar o contexto da Semana Santa e a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, que é celebrada no Domingo de Ramos.

No Domingo de Ramos, os cristãos celebram a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho, enquanto as multidões aclamavam “Hosana” e lhe lançavam ramos. Este evento é significativo porque marca o início da Semana Santa e a jornada de Jesus rumo à sua morte e ressurreição. O povo o recebe como um rei, mas a narrativa da Paixão que se segue revela a complexidade da aceitação e rejeição de Jesus.

O evangelho (Mateus 26, 14-66) começa com Judas Iscariotes procurando uma oportunidade para trair Jesus. Isso reflete a fragilidade humana diante das promessas e da fidelidade. Ao contrário da aclamação do povo no Domingo de Ramos, a traição de Judas mostra que a aceitação de Jesus não era unânime. Muitas vezes, somos levados a trair nossos princípios ou valores em busca de interesse pessoal.

Os líderes religiosos se unem para matar Jesus, ignorando os milagres e ensinamentos que haviam testemunhado. Isso nos leva a refletir sobre a resistência que muitas vezes encontramos ao abraçar a verdade e a justiça. Mesmo diante de evidências, é fácil sucumbir à própria agenda ou ao desejo de poder, e não só, também é fácil criar grupos de pessoas para fazer o mal. Sendo assim, ao longo do trecho, vemos Jesus sendo julgado, humilhado e acusado falsamente. 

Há contraste entre a aclamação do Domingo de Ramos e a rejeição enfrentada por Jesus. Ele é o rei que veio para servir e dar a vida, mas é tratado como um criminoso. Isso nos convida a pensar sobre como recebemos Jesus em nossas vidas e se realmente o reconhecemos como nosso Rei.

Portanto, ao celebrarmos o Domingo de Ramos, somos convidados a refletir sobre a verdadeira natureza do seguimento a Cristo. Será que encontramos nossa voz em meio à multidão que O aclama, ou nos silenciamos em uma postura de indiferença? O que significa aceitar Jesus como nosso Salvador em um mundo que muitas vezes O rejeita?

Embora o trecho trate da traição e da condenação, é essencial lembrar que ele também nos prepara para a ressurreição. O Domingo de Ramos, embora marcado pela alegria, está profundamente enraizado na conscientização de que a jornada de Jesus levará à cruz, mas culminará na vitória da ressurreição. Essa é a esperança que devemos carregar durante toda a semana.

Em suma, ao refletir sobre Mateus 26, 14-66 no contexto do Domingo de Ramos, somos desafiados a entender a profundidade da aceitação e rejeição de Jesus. Temos a oportunidade de nos unir àqueles que O aclamam, mas também devemos estar cientes das dificuldades e desafios que vêm com essa escolha. Que essa reflexão nos inspire a viver a nossa fé com autenticidade e coragem durante toda a Semana Santa.

Neste tempo Quaresmal também somos chamados a examinar nossas ações/ atitudes e o nosso agir perante o próximo buscando a reconciliação e o arrependimento em busca do  perdão e a compreensão em nossas relações diárias. Que possamos, assim, aproximar-nos mais plenamente de Deus durante este tempo de preparação para a Páscoa.

O Padre Gailhac deixa nos alguns conselhos da vivência quaresmal sobre a observância de jejum, diz nos: “Durante a quaresma todas levarão uma vida de contínua união com Deus e todos os exercícios de piedade serão feitos com redobrado fervor»

Esse trecho do fundador tem como a sua mensagem central a necessidade de uma vida dedicada a Deus em todos os momentos, a praticar a Esmola, o Jejum e, sobretudo, a Oração. Colocando-se de joelhos diante de Deus, o homem reconhece a sua debilidade e incapacidade para todo bem, qual um mendigo na soleira da porta de Deus. Isso abre o nosso coração para o dom da caridade, para a verdadeira esperança, que reside apenas em Deus, sem exceção, até o fim da vida. Porém não se trata apenas de um jejum físico, mas de um jejum espiritual constante, por isso uma prática bastante recomendável para o tempo da Quaresma é a participação diária à Santa Missa, com Comunhões bem feitas, e a  frequência à Confissão.

Nessa dinâmica, a nossa alma vai se identificando mais depressa à vontade do Divino Mestre, que toca o nosso corpo e a nossa alma por meio dos sacramentos. Com essa força, tornamo-nos mais resistentes às tentações, às concupiscências da carne e dos olhos e à soberba da vida. Não podemos nos esquecer ainda que o tempo da Quaresma é também o tempo de Nossa Senhora, a mulher do Apocalipse que se retirou para o deserto, a fim de vencer o dragão, a serpente maligna que pretendia devorar seu Filho.  Peçamos, pois, o auxílio da Mãe Divina e vivamos esses quarenta dias na expectativa de novos céus e nova terra, no dia da ressurreição.

Por Irmã Luísa Bernardo

Foto: Unsplash

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