A Quinta-feira Santa sempre me toca de forma especial. É um dia que me convida a silenciar o coração e a mergulhar-me no mistério do amor de Cristo, que se revela não apenas em palavras, mas em gestos concretos de entrega e serviço.
Ao recordar a Última Ceia, sinto-me profundamente interpelada pelo gesto de Jesus ao lavar os pés dos discípulos. Ele, o Mestre, se faz servo, invertendo a lógica do poder e me ensinando que a verdadeira grandeza está na humildade e no serviço ao próximo, esse acto me desafia a refletir sobre minhas próprias atitudes.
A humildade que Jesus mostra neste acto, o nosso Fundador Pe. Gailhac, na sua carta de 30 de Novembro de 1881, apela às suas filhas, como uma virtude muito necessária « procuremos penetrá-lo à luz da fé; Jesus Cristo ao entrar no Mundo, aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de escravo» … Isto me motiva a dizer que sem a virtude da humildade não se pode alcançar outra virtude e nem a transformação diária que o Fundador das RSCM nos convida a ter. Estou disposta a me rebaixar para servir a quem precise de mim? Sou capaz de amar até ao fim, como Ele amou, e deixar-me transformar por ele?
A instituição da Eucaristia também me convida a uma profunda introspecção. Ao dizer “Isto é o meu corpo, que é dado por vós” (Lc 22,19), Jesus me oferece não apenas um rito, mas um modo de viver: a doação total de mim mesmo. Participar da Eucaristia é, para mim, um chamado a ser pão partido para os outros, a ser presença que alimenta.
Neste dia, ao iniciar o Tríduo Pascal, sinto-me convidada a renovar meu compromisso com o seguimento de Jesus, abraçando a cruz que me é proposta e confiando na certeza da ressurreição. É um tempo de graça, de revisão de vida e de renovação da fé.
Que esta Quinta-feira Santa não seja apenas uma lembrança litúrgica, mas uma experiência transformadora que me impulsione a viver o amor, humildade e transformação em sua forma mais pura e radical.
Por Rosita Eugénio
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