13 de Novembro de 1802- 2022
220 anos de Jean Gailhac: de vida recebida a vida doada!
Em colaboração com o Grupo Herança e Espiritualidade: Ir. Maria Helena Morra RSCM, Lucienne e Waldemar.
Esta é uma vista do Largo Jean Gailhac, em Béziers. No centro, está a ‘Casa dos Gailhac’. O muro semidestruído da esquerda faz parte da Igreja Santo Afrodísio, onde atuava o Pe. Martin. A imagem em primeiro plano é da ‘Virgem Negra de Rocamadour’, a segunda devoção mariana da França, após N. Sra de Lourdes. Temos aqui, sintetizadas, três grandes influências ao ser e agir de Gailhac: seus pais; o velho e engajado pároco; Maria, a mãe de Jesus.
Gailhac é filho do êxodo rural. Seus pais, de origem agrícola, migraram para a cidade. Aí, ‘viraram-se’ para sustentar e educar os sete filhos. Antoine Joseph foi um “faz tudo”: ‘fabricante’, ‘carroceiro’, ‘agricultor’. Jeanne Elisabeth, mais presente junto ao filho, introduziu-o na fé cristã e no amor aos pobres.
O Pe. Jean-Jacques Martin era Deputado quando estourou a Revolução de 1789. Opôs-se à submissão da Igreja ao Estado. Foi perseguido. Exilou-se em Roma por oito anos. Retornou às escondidas e atuou clandestinamente em Béziers até 1802, quando assumiu Santo Afrodísio. Tinha 62 anos quando viu Gailhac nascer. Sua força moral e protagonismo social motivaram a vocação do garoto. Faleceu em 1824, dois anos antes da ordenação de Gailhac.
Saindo de casa, Gailhac deparava-se com a singela escultura de Maria com o Filho ao colo. Quantas vezes terá ele parado e refletido, diante dela? O que lhe terão dito a mãe e o Pe. Martin, sobre a Virgem? Até que ponto essa imagem influenciou na sua veneração pelo Imaculado Coração e na sua concepção de Maria como o protótipo de seguidora de Jesus, digna modelo para todas as Religiosas SCM e todos os cristãos?…
Podemos dar asas à imaginação em relação a tais perguntas, mas legitimamente podemos concluir que o exemplo dos pais, o engajamento do Pe. Martin e a suavidade forte da autora do Magnificat levaram Gailhac a fazer da sua vida, recebida como dom e cultivada na parceria, uma vida ‘em saída’, ‘ao encontro’, ofertada de forma criativa e persistente a serviço dos mais vulneráveis do seu tempo, apesar de todas as críticas, perseguições e entraves políticos, financeiros e eclesiais por que passou.
Celebrar o nascimento do Pe. Jean Gailhac, para nós, Religiosas SCM e Colaboradora(e)s do IRSCM, significa afirmar que somos os principais responsáveis pela construção da pessoa que queremos ser e do legado que desejamos deixar no mundo.
A partir do que a vida foi provocando em nós, das influências recebidas e das convicções e valores desenvolvidos, o que nos ensina a vida de Gailhac sobre a assunção do passado, as opções do presente e a edificação do futuro que esperançamos?!? Rezemos….
“Eis que faço novas todas as coisas; vocês não o reconhecem?”