Casa Mãe
Bernadette McNamara RSCM
Nesta época do ano, muitos de nós sonhamos em mergulhar noutra realidade, uma viagem, uma escapadela… uma visita familiar. Tudo nos fala neste sentido.
As nossas mensagens e reacções nas redes sociais convidam-nos a expressar e interagir com um rosto, um nascer ou pôr-do-sol, uma ponte, um edifício, uma paisagem escondida e tranquila, um lugar de cura.
Os nossos amigos postam imagens mostrando um lugar de beleza, ou um edifício único cuja arquitectura encanta os nossos olhos. Festivais onde se misturam uma multiplicidade de artes: dança, canto e orquestra encantam as multidões.
Para onde se dirige? O que é que se faz? Quem procura?
Numa carta da Madre São Félix, jovem membro da nossa primeira comunidade e nossa terceira Superiora Geral do Instituto nascente, escreve-nos em 1874 sobre a sua viagem a Roma:
“Ontem à noite, visitámos a Basílica de São Pedro. É impossível dizer-lhe a beleza e imensidão deste edifício, não há comparação a fazer, passaríamos meses inteiros lá, a contemplar…
É impossível a linguagem humana encontrar expressões para expressar tudo o que se sente, o que o coração sente quando se viaja pela Cidade Santa, tudo fala aqui, não só os escombros dos monumentos antigos que se vêem aqui e ali, mas também as ruas, as praças, as próprias pedras, tudo levanta a alma e a leva à oração.
Creio, minha boa Irmã, que a Divina Providência permitiu esta viagem para a minha completa e irrevogável conversão. Por favor reze, minha querida Irmã, para que o Bom Deus não me permita tornar indigno ao abusar desta preciosa graça.
A sua linguagem directa diz-nos o movimento do seu coração: a visão das coisas leva-a à contemplação; a alma é elevada e volta-se para a oração. Ontem, numa pequena igreja de aldeia, li as últimas linhas de benvindas ao visitador:
“Com os teus olhos e o teu coração, olha para a beleza do trabalho do homem, procura a presença de Deus”. Que esta visita permaneça em si como um momento de paz.
O irmão David, um frade beneditino de En Calcat escreve “a beleza é uma visitação”. Num podcast recente, ouvimos o Padre Gailhac falar de uma visita quando conheceu o Padre Jean de Fontfroide.
E se todos os meus encontros nestes tempos se transformassem em visitas?
Vós que me lestes até ao fim, o que vos leva à contemplação ou à oração, ou mesmo ao canto do Magnificat