Este ano, as leituras do segundo domingo da Quaresma convidam-nos a refletir profundamente sobre a fé, a obediência e o poder transformador do amor divino.
Na primeira leitura, Abraão enfrenta a derradeira prova de fé, quando Deus lhe ordena que sacrifique o seu filho amado, Isaac. A obediência inabalável de Abraão, mesmo perante um pedido tão doloroso, é um exemplo de confiança absoluta na vontade de Deus. A sua prontidão em entregar o que lhe é mais querido desafia-nos a refletir sobre os nossos próprios apegos e a nossa vontade de os colocar nas mãos de Deus. Esta narrativa sublinha que a verdadeira fé requer muitas vezes requer uma profunda entrega e confiança, que levam a bênçãos abundantes que ultrapassam a nossa compreensão.
Paulo garante-nos o apoio inabalável de Deus, sublinhando que, se Deus estiver do nosso lado, ninguém poderá opor-se a nós. A passagem destaca o derradeiro ato de amor: Deus não poupou o Seu próprio Filho, mas entregou-O por nós. Esta verdade profunda convida-nos a confiar na generosidade sem limites de Deus e na certeza de que, através da intercessão de Cristo, somos absolvidos e abraçados pela misericórdia divina.
A narrativa da Transfiguração revela Jesus na sua glória radiante, afirmando a sua filiação divina. A admiração dos discípulos e a ordem do Pai de “ouvi-lo” convidam-nos a aprofundar a nossa atenção aos ensinamentos de Jesus. Este momento de revelação encoraja-nos a procurar a transformação nas nossas próprias vidas, abraçando a luz de Cristo para nos guiar através dos vales da nossa existência.
O Padre Jean Gailhac compreendeu profundamente que o amor é a essência da vitalidade espiritual. Ele afirmava: “Não amar é permanecer na morte, e estar na morte e não se levantar é não amar. Amemos para sair do túmulo e saiamos do túmulo para amar”. (GS/26/III/77/A)
Durante o tempo da Quaresma, somos convidados a examinar os “túmulos” das nossas vidas – as áreas onde estamos sepultados pelo medo, ressentimento ou apatia. Abraçar o amor, como encoraja o Padre Gailhac, significa permitir que o poder transformador do amor de Cristo nos liberte desses confins. Chama-nos a um amor ativo – expresso através de atos de bondade, perdão e solidariedade para com os necessitados.
No contexto do Segundo Domingo da Quaresma, este amor transformador capacita-nos para:
Abraçar a confiança sacrificial: Tal como Abraão, somos chamados a confiar no plano de Deus, mesmo quando este exige um sacrifício pessoal, sabendo que essa fé conduz a profundas bênçãos.
Cultivar a obediência agradecida: O exemplo do salmista incita-nos a permanecer gratos e fiéis, reconhecendo a mão de Deus nas nossas vidas no meio das provações.
Afirmar a nossa advocacia divina: As palavras de Paulo recordam-nos que a intercessão de Cristo é um testemunho do amor duradouro de Deus, encorajando-nos a viver com confiança nesta verdade.
Procurar encontros transformadores: A Transfiguração convida-nos a procurar momentos de revelação divina que transformem a nossa compreensão e nos inspirem a representar a luz de Cristo no mundo.
Guiados pela sabedoria do P. Gailhac, este tempo de Quaresma torna-se uma oportunidade para nos erguermos dos nossos túmulos pessoais através do poder do amor, alinhando as nossas vidas com o amor sacrificial e transformador exemplificado por Cristo.
Por Ir. Celine Bitega