Queridas Irmãs, membros da Família Alargada/Ampliada SCM, Rede Global das Escolas RSCM, Colaboradores e Amigos,
Um feliz Dia da Fundação para todos! Celebramos o 176º aniversário da fundação do nosso Instituto, encerrando um ano em que celebrámos 175 anos de vida e missão. Foi um ano em que recordámos como o sonho, que se enraizou no coração de Jean Gailhac e das nossas Irmãs Fundadoras, se tornou realidade. A publicação de “175 Anos, 175 Rostos” nas nossas redes sociais, deu expressão criativa quer à profunda gratidão que sentimos pelas graças e bênçãos destes 175 anos de comunhão na missão, quer às nossas esperanças e sonhos para o futuro. Recordar e deixar ressoar em nós essas experiências reforçou a nossa consciência da presença de Deus connosco e encorajou-nos a reconhecer a presença e o amor de Deus hoje, a ter a certeza de que Deus, que caminhou connosco no passado, continua a caminhar connosco hoje.
Durante este Ano do Capítulo 2025, continuamos a ser estimulados e inspirados por momentos chave na história da Igreja e do nosso Instituto: o Concílio Vaticano II (1962-64) que abriu os horizontes da Igreja e afetou profundamente a vida religiosa; Justiça no Mundo, publicado pelo Sínodo dos Bispos de 1971, ligando a justiça com a proclamação do Evangelho; a aprovação das Constituições RSCM revistas (1983); a confirmação da Declaração da Missão RSCM (1990) – para mencionar apenas alguns. Neste cinquentenário, recordamos especialmente o Capítulo Geral de 1975, um ponto de viragem na nossa história, levando a uma transformação na compreensão da nossa missão. Foi um forte apelo que continua a inspirar o nosso discernimento e as nossas escolhas na missão de hoje.
O apelo à justiça estava implícito desde os inícios, quando Jean Gailhac respondeu à miséria dos pobres e indigentes na sua cidade natal, Béziers, e reuniu o primeiro grupo de RSCM para estar ao serviço dos mais necessitados. No mundo sofrido da França pós-revolução, elas foram mulheres verdadeiramente apostólicas, totalmente comprometidas com Deus e com a promoção da vida e da dignidade de toda aquela gente criada à imagem de Deus. Fizeram-no criando escolas para todos, com uma preocupação especial pelos pobres. Após o Concílio Vaticano II, como o compromisso da Igreja com a justiça evangélica se expandiu de modo impressionante, o Instituto foi conduzido pelo Espírito a clarificar o seu carisma original e, em fidelidade ao Evangelho e aos horizontes abertos pelo Concílio, a torná-lo operativo num mundo em rápida mudança. A Ir. Margarida Maria Gonçalves, Superiora Geral, escreveu ao Instituto: “É preciso que este mundo [o mundo de hoje] faça parte de cada uma de nós, que ele esteja presente no Capítulo”. (Carta Circular, dezembro 1974) No ano seguinte, o Capítulo Geral de 1975 declarou que, depois de horas de oração, reflexão e diálogo sobre o foco da missão para o futuro, chegou à profunda convicção de que a missão do Instituto era, mais do que nunca, “um apelo à justiça” e que “trabalhar pela justiça já não é uma opção”. (Documento do Capítulo Geral 1975) Desde então, o compromisso de trabalhar pela justiça passou a estar integrado nos documentos e gravado nos corações de todos os que se empenham na missão RSCM. Neste 50º aniversário, é este apelo e compromisso que celebramos e queremos renovar.
Este 50º aniversário coincide com o Ano do Capítulo 2025 e com o Ano Jubilar da Igreja 2025, em que como Povo de Deus, numa perspetiva sinodal, somos chamados a ser Peregrinos da Esperança no mundo de hoje. Chamados a ser mensageiros de esperança para todos os que são esmagados por guerras, perseguições, desigualdades, pobreza extrema e desastres climáticos. O tema do nosso Capítulo ecoa o apelo: chamados a ser pessoas “…de esperança profética, caminhando juntos, arriscando o novo, para que todos tenham vida”, um tema inspirado pelo texto bíblico de Miqueias 6,8, e que nos remete para o Capítulo Geral de 1975, quando as delegadas rezaram para que todo o Instituto pudesse “agir com justiça, amar com ternura e caminhar humildemente com o nosso Deus”. (Miqueias 6,8; cf. Doc. Capítulo Geral 1975)
Como é que nós, membros da Igreja, o Corpo de Cristo, poderemos ser “Peregrinos da Esperança” durante este Ano Jubilar? Como é que nós, RSCM e todos os envolvidos na missão RSCM, podemos ser testemunhas de uma profunda esperança num mundo que anseia por esperança, cura e renovação? Num tempo de múltiplas crises, tanto globais como locais, onde é que encontramos esperança? Que sinais de esperança vemos à nossa volta, enquanto caminhamos rumo ao Capítulo 2025? Quais são os nossos desejos mais profundos? Quais são as esperanças dos mais jovens? Das nossas Irmãs mais jovens? Como podemos, juntos, moldar o futuro? Como podemos ser mensageiros de esperança, “sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade” (Spes non Confundit 10)? Perante estas e outras questões, somos encorajados a não desistir, a não baixar os braços, pois “a esperança não desilude, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. (Rom. 5,5) O Espírito de Deus convida-nos a não desanimar, a não desesperar, mas a continuar, enraizados na fé, unidos na missão, florescendo na esperança.
A esperança liga-nos à presença ativa de Deus no meio de nós. Ensina-nos a escutar, a estar profundamente presentes, a escutar as vozes que muitas vezes são ignoradas: os refugiados, as mães em luto, os deslocados, os feridos, os fragilizados, os doentes, os que estão à margem da vida. Quantas vezes aprendemos a ter esperança através da nossa proximidade com os que sofrem, quando estamos junto de um doente ou quando cuidamos de alguém necessitado. A esperança ensina-nos a descobrir novas formas de escuta, novos modos de ser presença no sofrimento humano, novas maneiras de responder à voz do Espírito e de encontrar o amor de Deus no nosso mundo conturbado.
Que este ano do Capítulo 2025, este 50º aniversário, inspirem a todos nós RSCM, Família Ampliada/Alargada, Rede Global de Escolas RSCM, Colaboradores leigos e Amigos, para nos comprometermos novamente com o trabalho pela justiça no mundo de hoje, tão sombrio e fragmentado pela injustiça, desigualdade e divisão, tão quebrado e ferido. Sejamos, com as nossas vidas, testemunhas de esperança, construindo pontes de paz e reconciliação entre diferenças e divisões, denunciando situações de injustiça, perseverando nos nossos esforços para cuidarmos uns dos outros e da nossa casa comum, “para que todos tenham vida”.
Que ao longo dos dias e semanas, até ao nosso Capítulo, permaneçamos unidos em oração, pedindo ao “Deus da eterna novidade… Ensina-nos a caminhar contigo com humildade, a agir com justiça e a amar com ternura… Enche de coragem os nossos corações para que possamos arriscar o que é novo, confiantes de que é aí que Tu nos esperas” (Oração do Capítulo 2025)
Com a nossa afeição,
Maria do Rosário Durães, Monica Walsh, Sipiwe Phiri, Ana Luísa Pinto, Maria Aparecida Moreira, Margaret Fielding